A dor de uma separação…

O tema relacionamentos amorosos tem sido uma das áreas mais importantes (e geralmente problemáticas) da vida das pessoas.Afinal,as interações,os vínculos,os afetos,as alianças e os compromissos que resultam deles dão sentido às nossas vidas.Infelizmente essa importância é mais bem percebida quando as relações não estão satisfatórias entre as pessoas que se escolhem,ou ainda, têm a sua durabilidade comprometida.No entanto, não há aquele que possa admitir para si mesmo que não seja afetado pelo amor,seja o amor próprio,ou a provisão do amor alheio,ou pela falta desses.E o isolamento,embora uma possibilidade da condição existencial,caso torne-se majoritário,pode vir a se tornar um elemento devastador para a psique,de onde podemos depreender que o amor e os relacionamentos amorosos ocupam um lugar de destaque na vida humana por darem significados diferenciados ao enfrentamento das nossas dificuldades cotidianas.

No início de um relacionamento amoroso,é comum que as qualidades do parceiro sejam amplificadas e se acredite poder modificar as características indesejáveis.Assim é que, no começo,espera-se ficar com o bom e curar magicamente o que é inaceitável.Quando se constata que os aspectos bons e maus são indissociáveis,é comum ocorrerem depressão e movimentos de forçar o parceiro a cumprir o pacto e corresponder às fantasias idealizadas do início da relação.

Quando um casal se separa,diferentes emoções de intensidades  diversas atingem ambos os cônjuges. Alguns sujeitos buscam desesperadamente manter o modelo fusional presente nas etapas precoces da vida em cada relaçâo amorosa que estabelecem e ficam incapacitados de fazer um trabalho de luto após o seu rompimento.Quando isso ocorre,vivem a dor de uma ferida narcísica e colocam em questão sua capacidade de ser amado,duvidando do seu próprio valor.O ressentimento e o ódio pela perda das ilusões depositadas na união, ou no parceiro, provocam um desejo de aniquilar o outro.

Por se sentirem traidos e humilhados,vemos ex, nutrindo sentimentos de vingança,alimentarem nos filhos reações de repulsa e ódio para com o outro.Nos tribunais, em ações de divórcio ou separação,tem sido comum encontrarmos um genitor tentando obstaculizar,ou destruir,os vínculos do filho com o outro genitor,inexistindo motivos reais que o justifiquem.

A ruptura de uma relação amorosa demanda um trabalho psíquico,a travessia de um processo de luto,no qual questões referentes a subjetividade de cada parceiro precisam ser elaboradas.A dificuldade de superar o ressentimento decorrente do término de uma relação amorosa,principalmente nas relações fusionais,confirma novamente a indiferenciação eu/outro e a perda vivida como uma perda de si mesmo.

Repetimos a maneira de nos amar e repetimos,também,a maneira de nos separar.Freud apontou um caminho “Aquele que não conhece seu passado está condenado a vê-lo retornar sob a forma de comportamentos impulsivos ou de um fracasso”.Por isso, quando a dor de uma separação aparece e não conseguimos superá-la em um determinado tempo,precisamos de ajuda para rever a nossa história e escrevê-la de maneira diferente.

Trocar a repetição por uma memória é o objetivo do trabalho numa abordagem psicanalítica.Não se trata de uma simples rememoração,nem é uma experiência súbita,mas sessão a sessão é feita no sentido de uma construção de um novo olhar sobre si mesmo,um recontar a própria história.

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